Casal demonstrando amor pelo bebê

A terapia como importante apoio para a parentalidade desde a gestação

Não nascemos mães ou pais, nos tornamos. Assim como as crianças não nascem seres humanos “prontos”, mas estão num constante processo de tornar-se. É justamente por este caráter dinâmico desta fase de nossas vidas que justifica o parar e demorar-se sobre as questões que podem aparecer. Afinal, o que é ser mãe e pai? O que é educar uma criança? E como podemos fazer isso da melhor maneira?

Eu parto do princípio que a maternidade/paternidade, desde a gestação ou das tentativas de engravidar, não aconteça e não afete a todas as mulheres e a todos os homens do mesmo modo. Não posso afirmar também com precisão que a maternidade/paternidade irá transformar a vida de uma mulher/homem completamente, tampouco poderei dizer que este momento será o de maior transformação de suas vidas. Dentro dos meus pressupostos teóricos, não posso assumir de antemão quaisquer expectativas sobre o que mulheres/homens irão sentir durante suas vidas, muito menos durante a transição para a maternidade/paternidade. Ainda que pareçam existir situações, emoções e pensamentos muito parecidos ou mais comuns durante essa fase, isso não me permite assumir que algo seja esperado.

Essa perspectiva, eu considero, é um modo diferenciado de atendimento a mães e pais. No modo como realizo este atendimento, sem me posicionar como mais uma profissional que tem um saber sobre, uma consultoria ou que defende um jeito específico de educar, ofereço um espaço para experimentação e para troca. Percebo que muitas vezes, na vida parental, não temos com quem trocar informações, de organizarmos nossos saberes e pensamentos, de ajustarmos nossas expectativas em relação aos nossos filhos. Muito há disponível que diga o que é o certo para criança e o que mães e pais devem fazer, mas são poucos os espaços de diálogos horizontais para fazer circular saberes, encontrar novas possibilidades que façam sentido para aquela criança e para aquela família.

Nos meus atendimentos, respeito cada modo de ser, agir, pensar e estar das mulheres/ dos homens nos acontecimentos de suas vidas. O que ofereço é um acompanhamento para a compreensão deste momento da vida, do que está em jogo para cada pessoa, cada mulher e cada homem, como cada uma dessas pessoas irá se ocupar ou não da maternidade/paternidade que se apresenta e o modo como irá cuidar e educar de sua(s) criança(s). Além disso, também está em jogo neste momento a vida familiar, o modo como essa família vai se constituir. Um casal que antes se relacionava de um modo, pode passar a se relacionar de outro a depender de como compreenderem suas funções parentais.

Assim, o acompanhamento psicológico no momento da transição para a parentalidade e nos primeiros anos das crianças pode ser uma importante ferramenta para compreensão dos sentidos e significados que vão se apresentando nesta fase, para lidar com as dificuldades e com os desafios que vão se apresentando. Este acompanhamento pode se tornar um espaço exclusivo para a reflexão sobre o sentido do educar.

Como funciona:

Pode funcionar como um processo terapêutico, com sessões semanais por tempo indeterminado. Pode também ser realizado como um atendimento breve e focado em alguma questão com tempo determinado previamente combinado.

Escrito por
Tamara Boccatelli
Psicoterapeuta e Psicóloga da Maternidade
Atua em consultório desde 2014
Pesquisadora nas áreas da psicologia, filosofia e antropologia
Especialista em maternidade e pós-parto